O nervo radial é ramo da corda posterior do plexo braquial. 

Ele inerva o músculo tríceps, que realiza a extensão do cotovelo. 

Antes de se dividir, ao redor da prega cubital em seus ramos principais, inerva o músculo braquirradial, o extensor radial longo do carpo e, em alguns pacientes, o extensor radial curto do carpo.

Se divide em: ramo sensitivo do nervo radial, que dá a sensibilidade para a região dorsal da mão, desde o polegar até a metade radial do dedo anelar e nervo interósseo posterior, que irá dar a inervação motora para: supinador, extensor comum dos dedos, extensor ulnar do carpo, extensor próprio do dedo mínimo, abdutor longo do polegar, extensor longo do polegar, extensor curto do polegar e extensor próprio do indicador, além de inervação sensitiva para a cápsula e articulação do punho.

Agora que revisamos a anatomia, quando um paciente se apresenta com déficit de extensão do punho e dedos podemos saber onde a lesão aconteceu. Se o paciente perdeu a capacidade de estender o cotovelo ativamente, a lesão aconteceu antes de o nervo radial inervar o tríceps. Se o paciente “estica” o cotovelo, mas não realiza a dorsiflexão do punho, a lesão se encontra entre a região onde o tríceps é inervado e o cotovelo. 

Contudo, se o paciente consegue fazer extensão do punho (com desvio radial) e não consegue estender os dedos, mantendo a sensibilidade do dorso da mão normal, a lesão é do nervo interósseo posterior. 

Saber a localização anatômica da lesão é fundamental para se programar o tratamento. Lembremos que há alguns tipos de lesão nervosa: 

  • As neurapraxias são lesões funcionais, sem lesão anatômica dos nervos. Não necessitam de tratamento específico para o nervo. Não há evidência nos trabalhos da literatura que algum medicamento auxilia na recuperação do nervo. Entretanto, a mobilidade passiva das articulações deve ser mantida até que a musculatura volte a funcionar. 
  • As axoniotmeses variam desde lesões do axônio até lesões do perineuro. Podem melhorar com o tempo como as neurapraxias ou podem ser casos graves, em que há necessidade de se realizar enxertos ou transferências nervosas.
  • As neurotmeses são lesões completas dos nervos e precisam de tratamento cirúrgico para reparo ou reconstrução.

Algumas vezes, não é possível distinguir entre dois tipos entre essas lesões. Podemos lançar mão de exames de imagem como ultrassonografia e ressonância magnética para nos ajudar. A eletroneuromiografia, que avalia a função do nervo, deve ser realizada apenas após 30 dias das lesões, para melhor aproveitarmos a sua acurácia.  

Quando há necessidade de cirurgias, o ideal é que se consiga o reparo primário: sutura entre as partes do nervo, com a menor tensão possível, o quanto antes após a lesão. 

Após o reparo, deve-se manter imobilização que não coloquem o nervo sob tensão por 3-4 semanas. 

Quando há perda segmentar do nervo radial (de um pedaço), ou quando uma parte do nervo sofre afilamento (assim como uma borracha prestes a romper) há necessidade de se substituir essa parte da estrutura nervosa. 

Para o nervo radial, especificamente, não há indicação de se realizar enxertos nervosos nas lesões maiores do que 5-10 cm, uma vez que o resultado pós-operatório é ruim.

Todavia, há a possibilidade de se realizar transferências nervosas ou tendíneas para se recuperar a função de extensão do punho e dedos. 

As neurotizações têm a vantagem de poderem recuperar a independência dos músculos, como no reparo do nervo radial. Os nervos mediano e ulnar têm fascículos que podem ser utilizados para ramos terminais do nervo interósseo posterior, com grandes chances de se obter bons resultados. Entretanto, recordemos que, após lesado, um nervo motor tem entre 1 ano e meio a 2 anos para que reinerve o músculo efetor pretendido. Caso isso não aconteça, haverá degeneração da placa motora e a função não será recuperada. 

Já as transferências tendíneas, podem ser realizadas após longo período de inatividade, uma vez que se utiliza músculos inervados pelos nervos mediano e ulnar para reinervar a extensão do punho e dedos. Estas transferências são estudadas desde a primeira grande guerra, com resultados consistentes. 

Hoje, minha principal opção é a transferência do pronador redondo para o extensor radial curto do carpo, flexor ulnar do carpo (ou flexor radial do carpo, a depender do paciente) para extensor comum dos dedos e redirecionamento do extensor longo do polegar com o palmar longo. 

Portanto, após a lesão do nervo radial, o paciente deve procurar avaliação de um cirurgião o mais precoce possível, devemos identificar o tipo de lesão e indicar o tratamento preciso. A recuperação é, geralmente, bastante demorada e não se deve perder a motivação.